Ato histórico
Igreja do Porto é tombada pelo Iphae
Cerimônia de reconhecimento do templo como patrimônio histórico do Estado ocorreu na manhã desta quinta-feira (2)
Carlos Queiroz - Portaria foi assinada pela secretária de Cultura no ato
Reconhecido como patrimônio cultural do Estado, o prédio da paróquia Sagrado Coração de Jesus foi oficialmente tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) na manhã desta quinta-feira (2). A cerimônia ocorreu na própria igreja, que está parcialmente interditada por causa de problemas estruturais. A solenidade contou com a presença de fiéis e de representantes dos poderes públicos estadual e municipal, além do arcebispo de Pelotas, dom Jacinto Bergmann. No ato a secretária de Estado da Cultura, Beatriz Araujo, assinou a portaria 03/2023, que oficializou a proposta.
Em sua fala a secretária pontuou que esse era um momento histórico que envolvia grande emoção e afetividade. “Para o governo do Estado do Rio Grande do Sul essa solenidade tem um significado muito especial, o ato de tombamento da igreja Sagrado Coração de Jesus envolve fé, história, arquitetura, arte, patrimônio cultural e sobretudo a união da comunidade pelotense em torno do propósito de preservar uma edificação de grande valor material, simbólico e afetivo. A Secretaria de Estado da Cultura e o Iphae estão irmanados com os pelotenses na percepção acerca da importância desse templo religioso tão identificado com a paisagem da cidade e que agora temos a alegria de incluir na lista dos bens culturais de reconhecido valor com o tombamento no âmbito estadual”, disse. A solenidade integrou a programação da 91ª Festa da Nossa Senhora dos Navegantes que foi aberta à comunidade, com missa às 7h30min, na Igreja do Porto.
Esse é o primeiro tombamento que Beatriz Araujo fez como secretária de Estado, segundo a titular da pasta da Cultura, em função grande da exigência do Iphae na instrução desses processos. “Esse foi um trabalho bastante intenso que teve as mãos do padre Wilson e da arquiteta Simone Neutzling, e, logicamente, da equipe do Iphae sensibilizada pelo real interesse e o meu especial interesse também.”
A secretária ainda afirmou que a Igreja do Porto faz parte da memória afetiva de todos os pelotenses e por isso não teria como não se emocionar. “Estamos possibilitando que a partir de agora a recuperação desse bem se dê com de forma mais fácil, porque esse reconhecimento vai possibilitar que a paróquia possa participar de editais do Fundo de Apoio à Cultura (FAC-RS). São muitas possibilidades que se abrem, então eu fico feliz, emocionada e com o sentimento de dever cumprido”, comentou.
Preocupada com a atual situação do prédio tombado, a secretária se comprometeu em ajudar no estímulo ao empresariado local para que se engaje no salvamento do prédio. “No momento em que os governos estadual e federal abrem mão de impostos em prol de projetos culturais de relevância a contrapartida é o envolvimento de empresários, que vão poder viabilizar esses projetos com uma pequena contrapartida de 5% do valor investido, isso é pouco, diante da importância da preservação da memória e do patrimônio daquelas comunidades onde essas empresas estão inseridas. É uma forma de dar um retorno para a sociedade. “
O diretor do Iphae, Renato Savoldi, comentou que um tombamento é uma esperança para o patrimônio em todos os aspectos. "Porque não é só a materialidade que nós estamos reconhecendo a nível estadual, nós também temos a intenção que a partir daqui e de outros estudos trazermos o registro para a imaterialidade para as procissões de Nossa Senhora dos Navegantes, em todo o estado. O reconhecimento material deste templo é fundamental de toda a urbanidade de Pelotas."
Sobre a igreja
Criada em 1º de novembro de 1912, a paróquia Sagrado Coração de Jesus, conhecida como Igreja do Porto, tem um templo de arquitetura barroca romana, que começou a ser construído em 1915 e foi inaugurado em 1921.
Em 31 de julho de 2020, o prédio teve suas estruturas atingidas por um ciclone extratropical que passou por Pelotas, o que mexeu com as estruturas do prédio, que hoje está parcialmente interditado com escoras em suas paredes. Mesmo com essa obra emergencial, o patrimônio corre o risco de colapsar. Com projeto aprovado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura, a paróquia tem captado o valor de R$560 mil, mas faltam ainda R$1,440 milhão para que essa obra ocorra.
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